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Mostrando postagens de novembro, 2010

Um só

Me respire. Me envolva. Me purifique. Seu corpo no meu, mesclado em um só. Chego a ouvir de longe sua pulsação. Que se acelera com um toque. Um só toque. Devagar chegamos ao êxtase. E um delírio nos toma. Nos cansa. Neste momento sabemos Que sempre seremos. Um só.

O garoto e a garota.

 A garota. Não popular. Senta no fundo. Pega seu caderno. Examina o livro. Volta a olhar.  A garota. Finge um sorriso. Tira os óculos. Respira devagar.  A garota. Feliz. Parece. Mas, no banheiro, ela começa a chorar.  O garoto. A observa do canto. Solta um suspiro. A admira. Sorri.  O garoto. Pega sua mochila. Empurra-a para a porta. Finge não se importar.  A garota. Olha para ele. Encolhe o peito. Vai para fora. Vira-se. Encara-o. E vai embora.  O garoto. Fica parado. A olha caminhar. E um sorriso deixa escapar. Dos lábios que não podem tocá-la.  A garota. P. da vida. Deixa lágrimas rolar. Enquanto seus passos violentos. Fazem barulho ao passar pelos braços soltos. E pelos risos frouxos.  E o garoto e a garota. Parecem se odiar. Mas no fundo sabem que se amam. Só não falam. Nem contam.  Enquanto isso. O garoto. A ignora. E ela. Chora. No banheiro da escola. E seus sapatos, já surrados. Pisam nos pés dele. E um olhar. Só um olhar.  E o garoto e a garota. Respiram rá

Você está aí e eu aqui.

Imagem
 De longe parecemos ser muito mais que amigos. Somos amantes.  De perto somos irmãos. Mas não é isso, somos um só.  Mas eu percebo que quando você está lá, eu insisto em querer ficar aqui.  E quando você vem me buscar aqui, eu quero fugir pra cá.  E você está aí, enquanto eu continuo ali.  Parecemos as pessoas mais sinceras. Mas não. Eu finjo.  Finjo não te amar.  E você está aí e eu aqui.  E é assim que vai ficar. Crédito da imagem :  Beauty In Everything

Podemos até ser diferentes ...

 Aquelas horas intermináveis tentando, em vão, aprender a andar de skate me cansaram. Olhei para a mão que ele escondia, com os olhos semicerrados.  - O que tem ai? - perguntei, com um sorriso brincando em meus lábios. - Algo que eu quero que guarde para sempre com você. - ele disse. Tentei puxar sua mão, mas ele se esquivava rapidamente. Ri e corri atrás dele, que fugia.  - Dá pra parar. - gritei, ele já estava distante. Com minha respiração ofegante, fui até onde ele havia parado. - Então o que é? - perguntei. Ele me beijou e ficou sério, vi seus olhos ficarem ternos e sinceros. Enrubesci.  - Promete cuidar dele? - confusa, concordei. - Pega, é seu. - ele abriu a mão e não havia nada ali. Olhei para ele, consternada. Ele me enganou .   Joguei-o no chão e ele riu.  - Calma, você não pode vê-lo, nem tocá-lo, mas pode sentir. - Levantei levemente o rosto para encará-lo, o brilho dos seus olhos me ofuscava.  - O que é? - perguntei mais uma vez. Ele me puxou e levemente beijo

Abra seus olhos.

Paro, olho e não vejo. Tudo anda vazio, sem luz, sem eixo. Refaço o passo, escuto e penso, quem me dera poder ver por pelo menos um segundo. Choro, seguro e outra vez eu choro. Abro os olhos com mais força, nada se vê, nada é tocável, nada é estável. Meus olhos, são empréstimos em um banco, onde só poderei usá-lo quando eu puder afirmar que sou capaz de pagar a entrada. Meus olhos que no escuro ficam, só agora. Eu quero uma luz. O que é luz?  Só ouço descrições. Nunca vi e nem toquei...se é que é tocável. Seguro, ando, escuto e vejo, vejo com os olhos que ninguém vê. Meu coração.

Passo adiante.

 Fecho os olhos e me seguro na ponta da mesa. Quem me dera ter você aqui. Peço um copo de água. E novamente me debruço sobre a mesa. Tentando, em vão, reprimir um soluço. Lágrimas escorrem sobre o meu cabelo, que está todo sobre minha cara. - Sua água, moça. - disse o garçom. Eu não agradeci, nem olhei-o. Apenas fiquei ali, chorando e tentando entender o porquê. - Você devia sair sempre, querida. Às vezes as pessoas não fazem isso porque querem. Somos diferentes, tente entender isso. A vida é feita dessas provações, passe por elas sorrindo e continuando a lutar.   Era o que minha mãe sempre dizia, quando eu chorava ou brigava por algo. Mas agora, aquele conselho dói. Como posso sorrir com tudo isso? Sei que vou continuar lutando, seguindo. E também sei que somos diferentes. Mas você, simplesmente me deixou. E eu, que agora, queria tanto um abraço. Daqueles bem apertados que chegam a sufocar. - Posso? - alguém pergunta. Levanto o olhar e vejo um retrato próprio de mim. Sou