o meu grito calado no hoje

Hoje é dia 19.

Seria o nosso dia.

Eu te vi pela manhã, te abracei, te desejei, quis te chamar de amor.

Quis te beijar. 

Por um momento esqueci.

Esqueci que estou partindo.

Que me agarro à esperança de te ouvir pedir pra ficar.

Mesmo eu tendo a certeza que isso não vai acontecer.

Por que me chamar de amor?

Daqui uns dias eu não serei nada mais, além de um vazio na sua casa. De uma falta que não será notada.

Eu chorei todos os dias dessa semana, em todos os cantos.

Chorei por um amor recíproco sendo perdido porque um dos dois escolheu não fazer dar certo.

O amor é uma escolha.

Ele é mutável.

Ele é cuidado.

Ele tem paciência, mesmo na irritação.

Ele é generoso.

O amor sempre foi pra mim algo fluído, em que eu escolhia fazer dar certo.

Tenho medo de como vou querer te procurar.

De manhã, ao acordar.

De noite, ao dormir.

Sem o seu abraço quente.

Sem o teu corpo tão perto.

Tenho medo de querer te procurar quando alguma coisa muito importante acontecer.

Quando eu não estiver bem.

Quando eu estiver bebendo um vinho.

Tenho medo de te odiar.

Tenho medo da dor de como será.

Sem você.

Pra planejar uma viagem.

Pra planejar uma semana.

Pra ajudar na comida no domingo de tarde.

Pra provar se a carne está boa.

No banho, no almoço, na janta.

A sua falta vai ser notada.

Cheguei onde eu queria há 5 anos atrás e me sinto pesada, sei que a rota não para aqui, eu não quero parar aqui, mas eu não devia estar me sentindo melhor?

Sempre fui considerada forte, mas hoje, hoje eu só quero ser vulnerável. 

Hoje eu só quero que você ligue pra mim e me chame pra ver o pôr do sol. Que grave nossos momentos e tire fotos como sempre fez.

Que me faça carinho. Que me dê amor.

Eu escrevo como um apelo, com dor, com amor, com raiva.

Hoje seria nosso dia. 3 anos e 4 meses. 

Julho foi o mês que te conheci.

Julho é o mês que você me deixa partir.

A canção da Fresno talvez vá me doer e me embalar.

Eu quero te amar pra sempre, mas não posso.

Eu não posso encontrar uma saída, porque você não está aberto a recebê-la.

sempre achei que estaria preparada para ir.

mas ir amando, sabendo que isso podia ser resolvido, é muito mais difícil.


quando você fala que pretende não estar mais aqui em 6 meses, penso: eu terei um futuro para reencontrá-lo? ele já vai ter a família que tanto planeja na mente? ele ainda vai lembrar de como nos amamos? eu aguentarei a saudade? ainda terei esperança de todos nossos sonhos acontecerem? ele me procuraria?


eu queria conhecer o mundo com você.

eu queria me reconstruir com você.

eu queria descobrir todas as coisas com você.

eu queria ter sido importante…


dói saber que não serei eu a acompanhar a sua vida. a te ver crescer. sorrir. conquistar. 

e talvez você nunca fale da gente por aí.

e eu vou continuar me derramando em palavras para tentar me curar.




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